Certa vez,
quando meus filhos eram pequenos, presenciei a mamãe auxiliando a lição do
primogênito: “A galinha enrola alinha/ a linha se enrola na galinha.” Algo
nesse gênero...
- Eu
perguntei que música é essa?
- Não é
música. É a lição de leitura, alfabetização. Disse a mamãe.
- Certamente
ele já aprendeu as vogais, consoantes e sílabas. ...Não sei.
- Meu filho
já sabe as vogais? Não...
- Na escola
não lhe ensinaram as vogais?! Não.
Deixe-me ver
esse livro. ...não tem a tábua de caracteres! Meu Deus, isto é construtivismo!
Com todo
respeito ao psicólogo e epistemólogo suíço, Jean William Fritz PIAGET, eu não
me permitiria deixar meus filhos a mercê de um mal aplicado e pessimamente
repassado método de ensino, algo do tipo “meia-sola” do propalado
construtivismo.
Foi-se o
tempo em que no Brasil reinavam tabuadas e cartilhas de ABC, ferramental básico
do método fônico, até hoje adotado e em pleno uso pelos países mais ricos do
mundo, o construtivismo foi abraçado por países pobres, notadamente deveria ser
para compensar atrasos cognitivos e evolução tecnológica, entretanto a adoção
desse método em alguns países foi aplicada por mero modismo. Acertadamente
alguns países valem-se do melhor do construtivismo e do sistema fônico e
aplicam ao alunado o sistema misto. Certa vez uma comissão pleiteou ao então
presidente estadunidense, Bill Clinton, que implantasse nos EUA o sistema
fônico. Ele, então, inquiriu os solicitantes:
- Não
entendo esses assuntos, mas como gestor eu pergunto: Que método nós usamos?
Fônico. Essa foi a resposta.
- Quer dizer
que nosso país cresceu ensinando nossas crianças com o sistema fônico? Foi.
- Para que
eu tome uma decisão de tamanha importância eu preciso de avaliações técnicas
apuradas a respeito da eficácia desses dois métodos de ensino o que está em
vigor no nosso país e esse que ora me apresentam. Assim que os senhores tiverem
com os dados em mão voltaremos a discutir o assunto. Tempos depois a comitiva
de professores, desanimada reunira-se com o então presidente... o método de
ensino não foi substituído.
Sabemos que
educar filhos é fácil, entretanto, optar por um nível de qualidade da
aprendizagem escolar é uma decisão que obrigatoriamente tem que ser acertada,
requer gerenciamento apurado.
A educação
no Brasil é um verdadeiro queijo suíço cheio de furos e falhas, sem ser
necessariamente, saboroso e nutritivo. Alguns estudos apontam que o
construtivismo bem-aplicado é eficaz – isso vale para qualquer método –
entretanto, o construtivismo só funciona bem em países, regiões e/ou classes
sociais em que as crianças tenham constante contato com a leitura. Em cenários,
nos quais a relação das crianças com jornais e páginas de livros seja para
outros usos, o método gera adolescentes com graves dificuldades de leitura e
agudas falhas de cognição.
Voltemos à
lição de casa: eu tenho um casal de crianças, que quando tinham,
aproximadamente 6 e 4 anos, comecei a escrever livros de alfabetização e
os submeti à apreciação deles.
- Papai
trouxe esses livros.
- Legal!
- Bacana!
- O que
acham que está faltando neles?
- Ligar as
palavras. – Respondeu minha caçula elencando tópicos com os dedinhos abertos.
- Ligar as
palavras. – Completou o primogênito.
- Vocês
gostam de livros? Gostamos!
Desde então,
passei a abastecê-los semanalmente com revistas instrutivas de recreação, livretos
e coleções infantojuvenis. Eu não tinha certeza de que daria certo. Por outro
lado, aos dez anos, minha filha já havia lido Ernest Hemingway, Voltaire, entre
outros. O garoto gostava de figuras e tinha propensão por matemática.
Jamais soube
se minhas atitudes surtiriam efeitos satisfatórios. Entretanto, pude aferir
alguns resultados positivos quando a caçula enfrentou provas e ficou entre as
cinco candidatas finalistas e, por fim, ao se submeter a uma redação logrou
êxito à única vaga de emprego disponibilizada por um banco. Na entrevista que
se seguiu a aprovação o interlocutor a inquiriu: Notamos que você escreve bem,
a que se deve isso? É porque eu gosto de ler desde pequena. O primogênito, por
sua vez, em detrimento a outros cem concorrentes, galgou êxito a única vaga do
curso de engenharia civil de uma universidade federal.
Recentemente
a caçula apresentou com louvor o TCC. Será, em breve, mais uma administradora
brasileira.
Certa vez eu
desenvolvi uma campanha publicitária para a Secretaria de Estado da Educação do
Maranhão que tinha o mote “Educação básica. Todos começam por ela!” Essa frase
é elementar. Porem, quando o assunto é a educação básica das nossas crianças. É
preciso focar no raciocínio de Piaget: “Professor não é o que ensina, mas o que
desperta no aluno a vontade de aprender.” Por outro lado, não basta escolher
uma boa escola para ministrar o ensino escolar que aplica os fundamentos da
leitura, da escrita, da aritmética e ciências sociais. Cabe, também, aos pais o
papel de bom vigilante e de bom gestor na condução dos primeiros passos de
cognição, absorção e compreensão do mundo.
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