Conheço umas figuras e seus vícios: um deles,
o namorador “Cacófato”, é que de tão apaixonado, vive abeijarabocadela, a de
sua amada, uma verdadeira cadela: Ana Omar Topeia, chegada a um zunzum, mais
conhecida pela alcunha de “onomatopeia” que por mera apatia não se diplomara
fonóloga, mas vive a remedar os sons do
mundo, que pôr ser gaga parece uma galinha sem tirar nem pôr, pois vive a
cocoricar fuxicos e gaguejando seus có có cós com a sua có-comadre vizinha, a
Anáfora, calminha. Calminha, calminha que é, vive a retrucar-lhe pelos cantos
da boca: —Não meta dentro, meta fora, da minha casa, ‘o seu nariz de papagaio’.
Como consequência, sempre se irrita!
Por isso meteu uma perna de cadeira por
cima das fuças da “Catacrese” e do “Pleonasmo” por estes ficarem falando
futricos e besteiras com suas próprias bocas, e por mania de omissão, por nada
haverem lhe falado do que o mundo todo já sabia a respeito do “Eufemi...” Filho
da Dona “Onomatopeia”, o eufemismíssimo rapaz alegre que escandaliza a todos
com seu balançar de cadeiras, pra lá e pra
cá, como a dizer: meta dentro, meta fora...
Na frente da mama jamais se comporta feito uma lambisgoia, e nem
tampouco anda a tiracolo com a “Metonímia” que em vez de perfumes de grife só
usa “MC” enjoativo comprado a retalho, ou seja, no varejo, lá no Mercado
Central. E tem mais: andam falando à boca miúda do truncado “Silepse”, cujas facetas o tornam uma
sumidade — do que ele fala ou pensa, a princípio nada se entende, mistura
números e gêneros, êta bichinho complicado! Comparam-no com ao nada canônico
“Anacoluto”, este meio autista quando quer se isola, dizendo: — Eu, nada disso me convém. Tudo sabe, esse Anacoluto!!!
Pior que este só o “Estrang” que usa
“burrismo” por “estrangeirismo”, e se dana a pronunciar palavras estrangeiras
como se em português ou vice-versa. Para você ter uma ideia de seus desastres,
tem pudor de pronunciar recorde no sentido de romper limites, do mesmo modo que
se pronuncia o verbo que evoca lembranças, ou seja: lasca uma desnecessária
acentuação tônica proparoxítona inexistente na coitada da palavra, seguida de um
parada brusca na pronúncia para ela ficar com cara de record*.
Essas são apenas algumas figuras e seus vícios
que conheço, como por exemplo, a vovó Pleonasmo, que não posso deixar de citar.
Ela criava um neto homônimo de um famoso lutador de box, Cassius Clay, nome que
ela não sabia pronunciar, por isso usava um ‘epíteto’, o qual ela vivia a
gritar quando o menino sumia para jogar uma pelada, sonhando em ser jogador do
MAC, Moto Clube ou do Sampaio**...
— Ê
Caça Istreita!? Ê Caça Istreita!?
— Nhora, vó?
— Minino, tu entra pradento, tu larga esse futibó de bola, senão eu ti dô uma polada de pau!
— Nhora, vó?
— Minino, tu entra pradento, tu larga esse futibó de bola, senão eu ti dô uma polada de pau!
Tem cada figuraça... Tem uns que, por
comparação, são a personificação da ironia e outros de nomes esquisitos como a
Hipérbole e a Antítese, isso lá são nomes que se aplique?...
As figuras de que acabo de falar, moram na rua
dos colóquios, a um sem par de números, bem ali na filosofia, situada no
coração do condomínio da comunicação universal.
Gostaria de falar mais sobre as figuras que
conheço, ocorre que estou um caco... Por hora é só!
Extraído do livro Epífrases de Epitácio Filho
*A tradução de record para o português é: recorde. A palavra, grafada à estrangeira, também não apresenta acentuação gráfica e é finalizada com “d” mudo. ** Times do MA (em ordem alfabética).
*A tradução de record para o português é: recorde. A palavra, grafada à estrangeira, também não apresenta acentuação gráfica e é finalizada com “d” mudo. ** Times do MA (em ordem alfabética).
Epitácio Filho
Escritor, editor, designer, ilustrador e publicitário
www.epitaciofilho.com.br
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